22 de maio de 2017

Ávila

Ávila é pesada. Campeã das cidades muralhadas, detém o recorde de ter as muralhas com maior comprimento entre as cidades fortificadas. Talvez por isso a UNESCO lhe tenha dado o estatuto de Património da Humanidade. Impressiona sim mas não encanta. É o peso descomunal da pedra granítica e a opressão do círculo fechado que alberga uma catedral igualmente pesada de pedra cinzenta feita apenas para a imponência e não para o deslumbre.
Interessante como uma muralha mastodôntica destas, feita com lajes sepulcrais romanas para a inexpugnabilidade, nunca teve oportunidade de exercer os seus desígnios. Ou seja, foi uma muralha que ficou sempre à espera de que viessem medir forças com ela quando, tudo o que veio, foi o Tempo das eras e depois viemos nós, os turistas curiosos que a levam em fotos e recuerdos que acabarão na montra do frigorífico.
Aqui nasceu Teresa de Jesus, santa e doutora da Igreja, e tudo em Ávila gira em torno dessa santidade enclausurada pelas muralhas e cultuada dentro da pedra fria e dura da catedral.
Se me impressionei? Sim, completamente. Se me encantei? Sim, pelo tempo que aqui passei, pelo testemunho presencial da grandiosidade da pedra que oprime com o peso de cíclope ou pelos momentos de descanso na Plaza Mayor. Agora, encanto, encanto não sei...
Gostei do momento pelo que o momento significou de oportunidade e de companhia e isso é o inolvidável que daqui levo.

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