31 de março de 2012

Blonde's Fried Green Tomatoes

Desde que vi o mítico "Fried Green Tomatoes" que sempre me apeteceu provar tomates verdes fritos (embora na altura eu pensasse que aquilo era uma receita inventada só para o filme). Depois fui milhentas vezes à América sem nunca me ter lembrado dos ditos e só no ano passado é que os provei na Carolina do Sul. Não achei nenhuma transcendência culinária e, nos assomos de prima donna que ocasionalmente me acometem, pensei que era capaz de inventar uma receita de frid green tomatoes melhor do que a que eu provei. Modéstia à parte saí-me melhor que o melhor.

Ingredientes:
2 tomates verdes grandes (realmente verdes)
1 ovo
1 colher de chá de maizena
3 colheres de sopa de farinha de trigo
3 colheres de sopa de pão ralado
2 colheres de sopa de farinha de pau
manjericão seco a gosto
sal, pimenta e paprica a gosto
azeite para fritar

1. Partir os tomates em rodelas de cerca de 2 cms de espessura e temperá-las com uma pitada de sal, pimenta e paprica. Reservar para sair o excesso de água.
2. Bater o ovo com a colher de chá de maizena e reservar num prato fundo.
3. Misturar noutro prato a farinha de pau, o pão ralado e as folhas de manjericão.
4. Dispor a farinha de trigo noutro prato.
5. Cobrir o fundo de uma frigideira anti-derrapante com o azeite.
6. Quando o azeite estiver bem quente passar as rodelas de tomate pela farinha de trigo, depois pela mistura de ovo e por fim pela mistura de pão ralado e fritar. Retirar quando a crosta estiver douradinha para papel absorvente.
Ficam super crunchy...

Não há muitos dias assim

Acordar nem cedo nem tarde. Ir à aula de Pillates. Ir às compras de mercearia. Vir para casa. Ter o dia todo só meu. Que bom. Vou inventar cozinhados e fazer o que me apetecer.

30 de março de 2012

A notícia do dia só podia ser...

Já chove! E eu só me lembro de uma cena do Paciente Inglês em que ela, farta da secura do Egipto, sonha com a chuva da Inglaterra. E eu já não ouvia chuva a cantar nos gradeamentos das varandas e no empedrado dos passeios do jardim há tanto tempo. Sabe tão bem...

28 de março de 2012

26 de março de 2012

Em busca da etimologia

Ando, por estes dias, em busca de respostas para um dos nomes estranhos da minha família materna, rica, já de si, em nomes estranhos. Nada. Não há nada. Sempre nos associámos a uma origem, mas só encontro aí uma explicação com duzentos anos. E antes? De onde vem aquele nome? O som estranho? No meio de tudo, uma viagem muito interessante.

25 de março de 2012

Pão de cornflakes na máquina

Acho que poucas invenções mecânicas na cozinha são tão compensadoras como a máquina de pão. Se é pão, a máquina faz!
Este é com cornflakes.

Ingredientes
300ml de água
50ml de azeite
250grs. farinha de trigo
250grs. farinha de centeio
2 cols de sopa de cornflakes
1/2 saqueta de fermento
(sal para quem queira)

Colocar pela ordem os ingredientes na máquina. Carregar o botão do programa normal. É tudo!

23 de março de 2012

Quando eu era pequena

Quando eu era pequena havia uma série fabulosa: "A Minha Família e Outros Animais". Uma biografia deliciosa sobre a vida de um miúdo inglês em Corfu. Na verdade, a biografia é a de Gerald Durrell e as aventuras dele naquele mundo mediterrânico lembram-me as minhas aventuras na casa fantástica dos meus avós maternos. Verões intermináveis de caça às borboletas e expedições por matagais de amoras silvestres e caminhos ladeados de arbustos perfumados e cheios de bogalhos. Ultimamente ando a lembrar-me muito desse miúdo em Corfu e dos animais. E ando a lembrar-me muito de passados e de como eles se dissiparam no tempo e de como este meu tempo já não é o meu tempo de outros tempos. às vezes andamos assim: nostálgicos de passados e tempos.

19 de março de 2012

Vejo-as

Não me reconhecem. Sou invisível como os estranhos que não se conhecem. Pedem dois cafés na manhã ensolarada no café onde trabalho ao computador nas coisas que faço porque faço e porque quero. Lembro-me delas do colégio. Uma é da minha idade, a outra um ou dois anos mais velha. Acho que eram irmãs ou podem ser só amigas.
O tempo não foi generoso com elas. Embranqueceram os cabelos crespos. Engordaram. As caras acusam a vida que lhes adivinho nas roupas e na postura. Penso no meu percurso de pulso para chegar aqui, o pulso que se tornou nos meus privilégios na face sem rugas, nos cabelos cuidados, na vida que já viu muito e andou por muito. Dou graças, sempre e em toda a hora. Dou graças pelas oportunidades e pela conjuntura familiar. Dou graças pelos meus discernimentos e determinações. Dou graças até pelos sofrimentos que me fizeram Eu.
Vejo-as e agradeço por não ser eu a observada pelo meu olhar.

17 de março de 2012

Uma casa no Alentejo

Gostava de ter uma casa no Alentejo. Uma casa não, uma herdade (que eu é logo em grande). A planura descansa-me e o horizonte longínquo promete sempre.
Só que este Alentejo é uma dor de alma. Cidades descaracterizadas invadidas por lojas chinesas, um desordenamento de construção pavoroso, a interioridade que se pressente no pior e não no que de mais romanceado e bucólico poderia ter.
Pensava que o país estava parado, mas aqui até Beja rasgam-se os terrenos em mais estradas em construção. Não sei se haverá fundos para terminá-las mas as obras e as máquinas estão em curso. Placas mínimas indicam um aeroporto que só deve ter funcionado para os telejornais no dia da inauguração. Parece-me tudo um Alentejo atabalhoado à procura de um rumo de modernidade sem saber como.
Mesmo assim, longe da descaracterização gostava de ter uma herdade no Alentejo...

16 de março de 2012

Um bocadinho como a Karen Blixen

Quando chegou a África, sem experiência agrícola nenhuma, a Karen Blixen deparou-se com uma sucessão infinda de maus anos agrícolas, más decisões e as consequências óbvias da sua impreparação. Eu sinto-me um pouquinho assim neste meu primeiro ano agrícola.
A falta de chuva não deixou semear nada, agora chove mas não é suficiente para repor humidade nos solos ressequidos e duros. Vai ser preciso lavrar tudo outra vez porque, à conta desta água, vão brotar mais ervas daninhas do que se possa contar. Não sei o que se possa semear nesta altura do ano. Não faço a mínima de nada. Nem sei mesmo se ainda se vai a tempo de se fazer qualquer coisa.
Isto da agricultura tem muito que se lhe diga: se não é o tempo, é a conjuntura, se não é a conjuntura, é o tempo e assim sucessivamente e eu só me admiro que ainda haja gente disposta a enfrentar semelhante desafio.

14 de março de 2012

Alinhamento perfeito

Noite morna de cheiro a seco e calor que vem. Marte e Vénus perfeitos no breu do céu aqui deste campo de onde só quero sair morta.

10 de março de 2012

Lugares de escrita

Engraçado como a escrita nos vem por fases, por hábitos e rotinas. Eu vou circulando aqui pela casa como se a cada vez que precise escrever longo me farte do sítio e não possa voltar.
Escrevi o mestrado no meu quarto, ainda esta casa era a nossa casa. Depois da tragédia, quando esta casa passou a ser minha, escrevi o doutoramento entre a antiga biblioteca do Pai e um escritório que eu fiz onde tinha sido o quarto dos pais e que, a bem dos meus fantasmas, tinha de ser remetido para o passado. As coisas pouco importantes escrevo-as na cozinha. Mas agora dou por mim a escrever no chão da sala de estar. Nem sequer é a posição mais confortável mas é aqui e assim que escrevo nesta fase. Sim, são fases...

7 de março de 2012

Ainda a carta do Attenborough

No meio da ansiedade que o cadafalso sempre me provoca, a carta do David Attenborough foi um momento desconcertante. Jamais pensei que ele me escrevesse. Acha-me eloquente e eu penso que, ao fim destes anos todos que são a minha vida toda a admirá-lo, ele achar-me eloquente é mais do que eu alguma vez podia sonhar.
Imagino a casa dele em Richmond, de onde ele me remeteu a carta, e vejo-o a endereçar o envelope que aqui me chegou. Vejo-o tirar papel de carta timbrado com marcas de água e começar a escrever-me aquelas letras corridas a tinta permanente.
Não foi um mail que ele me mandou, foi uma carta à antiga e o tempo que dispendeu nela torna-me humilde pela atenção que lhe mereci. O homem que eu mais admiro na Terra acha-me eloquente e eu não tenho palavras. Agradeço-lhe tanto o tanto de tudo e leio, ao invés, que me agradece. Estou feliz que ele saiba do que sinto, do que ele é para mim. Mais feliz ainda do que ter recebido as palavras dele.
Levei comigo a carta quando fui de manhã ao cadafalso que, afinal estava vazio e eu talvez ainda não tenha percebido que o medo flui e reflui e que talvez seja eu a anfitriã do cadafalso e não a vítima. Estão na minha carteira as palavras do Attenborough e, por enquanto, essa proximidade é-me querida.

Thank you, Sir David. Speechless and overwhelmed as I am, I thank you inasmuch as I admire you. The wait was sweet in its reward and unspoken words will not haunt me to my grave.
Thank you.

6 de março de 2012

O David Attenborough escreveu-me!

O David Attenborough escreveu-me.
O David Attenborough escreveu-me por mão própria.
O David Attenborough deteve-se em mim e não consigo conjurar as palavras.
Amanhã enfrento o cadafalso. Se morrer, morrerei tendo recebido uma carta do David Attenborough para a última ceia.

5 de março de 2012

Ir para o cadafalso dormindo com fantasmas

Contemplo-o a três dias de distância. Já me devia ter habituado mas não consigo. Cá de baixo vejo os algozes e percebo que os fantasmas antigos com que ando a dormir ultimamente são o sangue que me espera do outro lado. Não tenho medo desses fantasmas. Tenho medo dos que estão vivos aqui na fisicalidade em que vivemos quando vivemos deste lado.

4 de março de 2012

Leitura de Domingo

No i:
http://www.ionline.pt/mundo/john-perkins-portugal-esta-ser-assassinado-muitos-paises-terceiro-mundo-ja-foram

Já todos lemos n artigos destes, o que o torna diferente é a 1ª pessoa e a fluidez desimpedida de quem confessa ter destruído a economia global e avisa que Portugal é um alvo demasiado fácil, eu diria um "sitting duck" agrilhoado aos brandos costumes que a minha educação germânica continua sem compreender ainda que viva no meio de vós há tanto tempo.

2 de março de 2012

Dos hábitos

Porque será que manhã não é manhã sem muito café preto amargo? E porque é que chá não me sabe a chá depois das cinco?