29 de junho de 2011

Biomassa

Sorgo doce. Salgueiros. Produção de biomassa. Oiço o engenheiro agrónomo falar de projectos potenciais para os meus terrenos.
- E o projecto biológico? - Pergunto. Levei este último ano a pesquisar as potencialidades do biológico e tenho ideias que queria desenvolver agora que me decidi a tomar as coisas em mãos.
- O surto da E. Coli pôs os consumidores reticentes em relação à agricultura biológica.
- Sei disso. Sei isso muito bem, mas os consumidores rapidamente se vão esquecer disto. - Replico, momentaneamente ressabiada com essa massa amorfa designada por consumidores. Sabem lá os consumidores, apetece-me dizer. - Pastagens biológicas. - Continuo. - Pensei em começarmos por pastagens biológicas. Há mercado.
- E biomassa? - Pergunta-me o engenheiro.
- Biomassa? - Apanhou-me na curva. Eu tenho ideias de agricultura à antiga e ele vem-me com biomassa? Não estudei nada sobre biomassa. Sei o trivial e nada mais.
- Sim. Sorgo doce. Salgueiros.
- Salgueiros? Vou plantar árvores que vão acabar em pellets e brickets? - Não faço por esconder a surpresa mas omito que não sei o que é sorgo doce. Sei o que é sorgo mas desconheço que haja esta variedade "doce" e muito menos que seja uma cultura para biomassa.
- Passamos a máquina duas vezes por ano e estamos a negociar com a câmara xpto uma central processadora de biomassa. Podemos entrar nesse projecto.
- Hmm... Produção de biomassa... Certo, vamos estudar melhor e contrapor a pastagem biológica e a produção de biomassa. Vou querer ter a última palavra. - Digo firme, sabendo que não sei nada, enquanto o engenheiro me olha na complacência. Acho que me quer ajudar e tem pena de mim, nos meus sonhos agrícolas e na vontade de reanimar algo que está moribundo neste país.

Sim, talvez as ideias dele, nada semelhantes às minhas que ainda sonho com vinhedos e olivais, sejam um caminho. As novas energias são o futuro e, se a produção energética passa por culturas de espécies para biomassa, talvez tenhamos aqui um nicho.

Biomassa... Hmm... Sorgo doce... Vamos ver.

28 de junho de 2011

Treze anos

Hoje.
Sabes Mãe, o ano passado só me lembrei era hoje. Ia-me esquecendo e esse facto ia dando comigo em doida. Assustou-me que este dia quase me tivesse passado com ligeireza. Como se
Te esquecesse e isso fosse imperdoável. Este ano fiz por não me esquecer. Não que eu goste deste dia. Não que eu sequer goste de me lembrar deste dia e Tu sabes como eu , o Pai e a Mana não nos comunicamos hoje, guardando-nos de partilhar seja o que for que Te lembre entre nós. Sabemos que nos lembramos hoje mas não o verbalizamos entre nós. Fazemos como se nos esquecessemos de hoje e amanhã está tudo igual. É um dia de interregno, um pacto tácito e silencioso. Mas estás cá.
Sim, de facto não gosto deste dia mas esquecer-me dele seria como passar por cima do que aconteceu. É irrevogável este dia nas nossas vidas e, por isso, eu não o quero apagar por muito má que seja a lembrança e mais dura a sensação desta mutilação em que ficámos.

Sabes Mãe, este ano há o Manel. Se estivésses cá irias vê-lo crescer ainda durante muito tempo. Tem o polegar esquerdo igual ao Teu, com a articulação lassa que passaste à Mana e que ela lhe passou. Gene forte esse! É parecido com a Mana, muito parecido, aliás, em versão cabelinho escuro como o pai dele. Já devias esperar que os nossos genes recessivos não teriam hipótese com morenos, não é? Mas é lindo. Simpático e meigo. Lembra-me tanto a Mana quando eu a via bebé e Te via a Ti com ela. E agora vejo-a com aquele bebé e inventa, como Tu, palavras novas para falar com ele e usa outras que eram Tuas e que ela, crescendo a ouvi-las, as perpetua no filho. Eu fico ali, Mãe, a observar em terceira pessoa e acho aquilo maravilhoso e pergunto-me o que sentirias se a visses segurar o bebé dela ao colo. E ela cada vez mais parecida contigo, mais do que antes, ela que sempre foi, de nós, a mais parecida contigo. Até nisto, nesta maternidade, ela te perpetua.

Mas sabes Mãe, sempre que eu vejo a Mana com o bebé Manel lembro-me de Ti, da Tua ausência, do como dói, do como o vazio do espaço que ocupavas é tão grande e inultrapassável. E penso como Te vou dar a conhecer ao Manel. Sabes que também penso nele? No desfalcado que ele é por não conhecer a Avó materna. No desfalcado que ele é face à mãe e à tia que conheceram todos os avós, a bisavó e que Te tiveram a Ti, nessa coisa inexplicável que Tu eras. Dói saber que ele não Te tem aqui e que serás para ele palavras, fotografias e histórias de dias bons.

Pois é Mãe, não queria que este dia passasse sem esta lembrança de Ti. Nunca pensei o que seria estar treze anos sem Ti. Chegar aqui. Quando aquilo aconteceu por fim parecia que o Tempo acabava. Hoje vejo que o Tempo prosseguiu. Não me imaginava treze anos depois. Estou aqui. Vim morar para a Tua casa e era-me impossível pensar que assim fosse. Hoje vou falar com o engenheiro que vai dar um projecto aos terrenos que eram Teus e que hoje sou eu que administro, seja lá o que for que é essa administração. Não pensava nada disto, mas é isto que tenho. Agora páro para olhar em volta e penso que não queria que fosse de outra maneira. Às vezes vou regar o jardim e vejo-Te num vestidinho de riscas azuis a regar. Outras vezes oiço-Te cantar aqui por casa e tem vezes que podia jurar que Te ouvi acender uma luz no barulho que fazias com os interruptores e que eu reconhecia seres Tu.

Vais estar sempre aqui, Mãe. Amor maior e dor maior da minha Vida. Mutti querida que Te tenho saudades todos os dias por muitos treze anos que passem...

26 de junho de 2011

Doce de Ameixa Mãe de Blonde

Doce de ameixa... Verão. Infância. Mãe. Lanches na rua. A Mana com a boca suja.

Quis fazer um doce que me soubesse a fruta. Uma coisa simples, sem canela, sem limão, sem nada mais do que a fruta. Quis aproveitar os quilos de ameixas que me dão nesta época. Doce, vou fazer doce. Fiz.
Só ameixas, açúcar e lume. E agora esta comoção em nostalgia, este inesperado de ter recapturado memórias e vidas de uma Vida passada que eu revisito poucas vezes pelo muito que ainda dói. E agora esta coisa no coração que me diz que o passado pode infiltrar-se no futuro.
A Mãe fazia muitos doces quando éramos pequenas. Dos nossos pomares vinham ameixas, pêras, maçãs, uvas de todas as qualidades e sabores e, de todas as frutas, a Mãe fazia compotas em boiões largos fervidos para fecharem a vácuo. E fazia doces em longas tardes de panelões a ferver ao lume até ficarem no ponto. O favorito da Mana era o de ameixa: denso, escuro, doce com um travo ácido. E a Mãe fazia-lhe a vontade cobrindo grossas fatias de pão com colheradas desse doce que ela comia sujando as mãozitas e a boca antes de pedir segunda dose. Depois ia brincar para o jardim com a fatia de pão na mão lambuzando-se ainda mais.
A Mãe não está cá há muito. Libertou-se da nossa infância feliz e partiu sem ver em que adultos nos transformámos. E com Ela foram os sabores dos doces, das talhadas de melão, das sopas, do arroz-doce, coisas que nunca mais regressarão e me deixam tão orfã.
Fiz doce. E sem saber como, o doce da Mãe ressuscitou: na cor, na consistência, no sabor doce com o travo amargo. Nunca tinha feito doce de ameixa. Não sei que truques a Mãe usava. Lembro-me só das panelas ao lume e dos boiões. Mas o que eu fiz é o doce da Mãe. Igual.
Sem querer escancarei uma porta do passado. Ao abri-la, na dor de ver a felicidade perdida e o vazio que ficou, sinto-me um elo qualquer entre Ela e este neto bebé, filho da Mana, que poderá saber a que sabia a infância da mãe dele. Vou fazer sempre este doce para o meu sobrinho, dar-lhe um vislumbre da Avó que partiu muito tempo antes de ele nascer. Mais do que mostrar-lhe fotografias e falar-lhe de memórias que não cobrem esta tão grande ausência, ao fazer este doce para o meu sobrinho vou dar-lhe outra maneira de corporizar a Avó. E eu, eu vou ficar a pensar que quando ele comer as grossas fatias de pão com doce de ameixa que eu fizer, Ela vai estar ali fazendo-nos companhia... Tenho tantas saudades.

Ingredientes:
Ameixas roxas
2 terços do peso das ameixas de açúcar

Descaroçar as ameixas (não as pelar) e envolver numa panela com o açúcar. Deixar macerar uma hora antes de levar ao lume. Levar ao lume brando a ferver até começar a espessar. Ainda quente verter nos frascos que vão guardar o doce.
Bom apetite!

24 de junho de 2011

Blondelicioso Bolo de Nectarina e Ameixa

Nunca inventei bolo nenhum. Apesar de nunca conseguir seguir nenhuma receita à risca, inventar um de raiz não me passaria pela cabeça. Até este. Estou muito orgulhosa e é um bolo só de Blonde. Bolas, estou mesmo orgulhosa!!

Ingredientes:
4 nectarinas
3 ameixas roxas
2 chávenas de farinha
1 chávena de açúcar
3 ovos
2 iogurtes simples
2 colheres de sopa de azeite
1 colher de sopa de mel
raspa de 1/2 limão
canela a gosto
noz moscada a gosto
1 colher de chá de fermento

Numa tigela larga colocar as nectarinas e as ameixas descaroçadas e cortadas em pedaços. Juntar a raspa de limão, a canela, a noz moscada e a colher de mel. Deixar a fruta tomar o gosto das especiarias e do mel durante uma hora.
Noutra tigela colocar a farinha com o fermento, as gemas, o azeite e os iogurtes e mexer bem. Juntar depois o açúcar e mexer bem novamente. Bater as claras em castelo firme e juntá-las ao preparado da massa. Com cuidado juntar metade do preparado das frutas à massa e envolver. Verter numa forma untada e polvilhada. Depois de a massa estar na forma, juntar o resto das frutas de modo a que fiquem repartidas igualmente por toda a forma. Levar ao forno e retirar quando estiver dourado.

Fica crocante por fora e húmido por dentro com as frutas cozidas e açucaradas. Ainda não acredito... Um bolo verdadeiramente Blonde.
Bom apetite!

23 de junho de 2011

Batata a murro Blonde

Eu pensava que era incapaz de fazer batata a murro. Afinal... saí-me bem e é super fácil.

Ingredientes:
Batatinhas bebés (estas são bio da horta da Paula)
2 dentes de alho (estes também da horta da Paula)
2 folhas de louro (estas do meu loureiro do quintal)
azeite
colorau a gosto

Lavar bem as batatinhas. Colocar num tacho em água a ferver e retirar antes de estarem completamente cozidas. Regar o fundo de um tabuleiro d eforno generosamente com azeite. Retirar a sbatatinhas da água e colocá-las no tabuleiro de forno. Com um garfo pressionar cada batatinha até esta abrir. Regar com mais azeite. Polvilhar com o colorau. Picar os dentes de alhos e dispô-los sobre as batatinhas assim com as folhas de louro (sem o veio e sem as pontas). Levar ao forno.

Ficaram nhami... E eu que não comia batatas...
Bom apetite!

22 de junho de 2011

Viver no campo é: receber da horta

Figos. Ameixas. Pimentos. Feijão verde. Ovos. Alhos. Pão.
Vieram cá dar-me tudo isto: fresco e biológico. Bom para o palato e a saúde. Fico sempre estupefacta por me encherem a casa com todas estas coisas boas que a terra dá. Onde é que há disto na cidade? Destas amizades?

21 de junho de 2011

Delicadeza




A Mãe plantou a giesta que está no jardim. Acho que partiu antes de a ver florir pela primeira vez. Cresce lentamente. No Outono enche-se de bagas azul como noite escura. E por esta altura está florida. Umas flores brancas pequenas e muito delicadas. Lembram-me flores da época vitoriana ou flores de bordado. Como as coisas simples são tão sublimes... 

19 de junho de 2011

Viver no campo é: pratadas de figos

Começa o Verão e este campo entra-me casa adentro na generosidade dos que privam comigo e me acham flor de cidade envasada à força aqui no meio do verde. Ignoram que a cada dia que passa é aqui que mais quero estar. Sim, eu sou cidade, mundo e som de gentes mas só aqui consigo agarrar quem realmente sou. E onde mais me dariam estas pratadas de figos ainda mornos da árvore e do sol do dia que eu como com pão com manteiga?

18 de junho de 2011

Ando com isto na cabeça


Porque me lembra a Mãe.
E o que é que Cee Lo Green pode ter a ver com a Mãe? Porque o vídeo me parece uma produção de moda das revistas dos anos 70 e princípios de 80 que a Mãe consumia. As cores quentes, o exuberante, os brilhos. A Mãe guardava as revistas e eu lembro-me de descobrir as colecções e, calçada com os seus sapatos de saltos que me sobravam nos pés, passava horas a folheá-las perdida em imagens bonitas que eu gostava apenas pelo facto de serem bonitas.
Junho nunca é um mês bom...

17 de junho de 2011

Entregues aos copiões

E depois querem que uma pessoa acredite na justiça deste país! Quando as suspeitas recaem sobre os magistrados e nos deparamos com a sua impunidade face aos outros cidadãos, como podemos confiar num sistema que, em vez de apagar as suspeitas de fraude, as premeia?
Pode não se gostar do estilo e da tendência polémica, mas eu subscrevo a indignação que o Marinho Pinho proclama alto e bom som a respeito não só do episódio do copianço dos magistrados no CEJ mas a respeito de tudo o que está mal no nosso sitema judicial a começar pelo facto de podermos ter juízes mal saídos da faculdade a "dar sentenças" sobre as vidas dos cidadãos. Onde está a experiência?
Dá-me um medo desgraçado a nossa justiça...

15 de junho de 2011

Sexo: outro

Eu nunca mas nunca vou a conferências em Portugal mas desta feita resolvi, por circunstâncias várias e um pouco alheias ao meu livre-arbítrio, inscrever-me numa.
A parvoíce começa logo na ficha de inscrição quando me perguntam o sexo:
Feminino,
Masculino,
Outro.
E a parvoíce continua na pergunta relativa aos idiomas falados:
Inglês,
Português (Brasil),
Português (Portugal).
Ora, como eu sou uma poliglota assinalei tudo, incluindo os dois portugueses que, parece, são duas línguas distintas e incompreensíveis mutuamente. Mas nada me perguntam sobre Inglês Britânico, Americano, Australiano, que eu, por acaso até falo, benza-me Deus.
Ainda vou na inscrição e a coisa promete... O provincianismo é tramado.

13 de junho de 2011

Alhos da China?!

Não é que eu ande a ver a proveniência das coisas que compro para a despensa. Mas hoje, quando despachei um saco de alhos vazio reparei no pormenor: "Made in China". Caramba, que raio de país é este que precisa que venham alhos da China?! Podiam até vir da Espanha mas da China?! Nós precisamos de alhos da China?!
Sim, de facto, com "alhadas "destas como é que poderíamos não estar em crise. Da China?

11 de junho de 2011

Indiana Jones: já 30?!

Engraçado, este ano parece que os filmes que me marcaram a juventude estão todos a fazer idades respeitáveis, o que me deixa com a sensação de que também a minha idade se está a tornar... bem... respeitável.
Top Gun: 25 anos. Thelma and Louise: 20 anos E hoje, exactissimamente hoje, faz t.r.i.n.t.a anos que estreou Indiana Jones: Raiders of the Lost Ark.
Trinta anos, como é que é possível?
Lembro-me vagamente de o filme estrear. Não fui ao cinema ver. Vi um pouco mais tarde na televisão e em vídeo. Na época de estreia eu ainda falava uma mistura qualquer linguística algures entre a proibição do alemão em tempo de aulas e a obrigatoriedade do português. Ao mesmo tempo tinha francês e inglês e sempre que me perguntavam a nacionalidade hesitava sem saber bem se o caso era para dizer portuguesa ou alemã. A coisa dependia do interlocutor e da situação e, confesso, que naquela idade a malta não avalia lá muito bem o que é para dizer.
Seja como for, adorava o Indiana Jones. Tinha a caderneta dos cromos e achava o Harrison Ford uma estampa de Indiana. Claro que vi o filme pelo menos um zilhão de vezes e li tudo o que havia para ler sobre A Arca da Aliança, nomeadamente num livro do Pai, que me era proibido por ser em alemão e eu precisava de aprender português à força, Die grossen Rätsel unserer Welt (Os grandes enigmas do nosso mundo). E, como uma leitura levava a outra, cedo eu estava a ler outros livros do Pai sobre livros proibidos, mistérios históricos, o para e o sobrenatural e, pasme-se, Mircea Eliade, tudo isto antes dos dez anos. Por conseguinte, além de herói de aventuras, o Indiana Jones era, a par com o real David Attenborough, um passaporte para a leitura que eu consumia e para os planos de vida que eu tinha: ser cientista.
Virei PhD... enfim, a vida nem sempre é uma aventura de tela de cinema...
Happy B'day Indy!

Sh*t my dad says

Acabei de ler e é... hilariante. Pelos vistos também virou série de TV e vai estrear em Portugal. O exemplo perfeito de como as redes sociais, neste caso Twitter, se tornam veículos fenomenais de ideias que depois os agentes literários aproveitam para best-sellers daqueles que perduram nas listas do New York Times. Very lol stuff! E leitura boa para quem precisa descansar de coisas mais sérias.

6 de junho de 2011

Blonde a Ministra da Agricultura!

Ok, Secretrária de Estado da Agricultura já que o Ministério deve ter ido para as couves.
Sempre estou para ver o que é que vão fazer à Agricultura/Lavoura no quadro deste Governo de coligação e sempre quero ver como é que vão sustentar o tão-apregoado regresso à terra e, também, sempre estou para ver qual é a pessoa com créditos dados na área que lá vão colocar. Sim, porque depois de terem desbaratado a agricultura quem é que sabe da poda neste país? (Pronto, pronto, eu até sei umas coisas que nem só de PhD vive uma pessoa).
Bom, como herdeira agrícola de agricultura falida aguardo ansiosa o que nos vai acometer...

5 de junho de 2011

O dia seguinte

Agora que a algarraza acabou a ver se arregaçamos as mangas, deixemos entrar a austeridade, tratemos dela de frente e nos façamos um país.

Em dia de votos

Aqui no meu campo cheira a braseiros com sardinhas, a sol e a calor. No meu jardim a relva ainda cheira a corte. Não sei se apetece a alguém votar. Lá vou; com um velho cartão de cartolina puída e um cartão de cidadão século XXI que deixa as tecnologias entregues à cartolina amarelada. E a sensação de que qualquer cruz é indiferente. Não há carismas. Não há Estado. Nem tão pouco há males menores. Há esta coisa amorfa num país cansado.
Enfim, vamos lá votar...

2 de junho de 2011

Um dia daqueles

É feriado no meu campo. Mas a cidade trabalha. Trabalho. Como uma bola de berlim ao lanche (aos anos...). A contabilista diz-me quanto tenho de pagar ao fisco. O jardineiro teve ajudante porque não se aguentava com o serviço (é novo e ainda não conhece os cantos, arrancou como erva uma flor que eu plantei e eu nunca planto nada), acho que me foi ao bolso mas o trabalho ficou aprimorado. Dia longo. Tão longo. Chego no lusco-fusco a um jardim que me espera com cheiro de relva cortada. O Spotty que quer brincadeira. A Casa. A vida da Vida. Estou cansada.