20 de julho de 2010

A banalidade do excepcional

Há tantas coisas a dizer do banal. Há o livro da Hannah Arendt, The Banality of Evil, há um texto que eu costumava dar aos meus alunos de Relações Internacionais e Ciência Política, "The Banality of the Good", e há a banalidade dos nossos quotidianos assombrosos. Apercebo-me de que gosto do banal pelo seu carácter confortável, expectável, domesticado, uma espécie de banho-maria em que nos encaixamos sem muito que pensar. Mas, mais do que isto, gosto do banal pelo seu potencial de abertura à ruptura, ao imprevisto.
Há dias assim, banais, a-históricos que, de súbito, se agigantam e nos arrebatam com uma força de onda sísmica que tudo transforma e remolda. Acordamos para o quotidiano e, sem saber como ou de onde, de repente não há quotidiano, há um episódio fora de ordem. Pode ser, por vezes, a desordem do caos da vida que se destrói, o acidental tenebroso. E pode ser, noutras e mais raras vezes, o sublime, o sublime que tudo vale, que nos enleva e eleva acima de nós.
O sublime...

1 comentário:

antonio ganhão disse...

O que eu mais gosto na nossa Blonde é que só ela repara na banalidade dos nossos quotidianos assombrosos e vê nisso um potencial de abertura à ruptura, ao imprevisto.

Como é possível não estarmos apaixonados? Blonde, love you.