28 de fevereiro de 2008

Praise be it to smart women


These past few days I was reading compulsively out of sheer pleasure. I confess I hadn't read anything out of recreation for quite a while. And since I don't actually have much opportunity to read anything beyond the piles of science books I need to digest for professional reasons, I found myself reading late in the evenings and losing sleep (precious sleep) because I wanted to finish those books that were giving me tons of agreable synapses in a brain usually overburdened by other things of a very dense and serious nature.

So, there I was reading about women and how they have always, from time immemorial, found ways to contradict patriarchy. I think that in those dark caves where we first existed as a species, women must have started developing their brains in a quite formidable way. It's the explanation I find. Physically weak, smaller than males and burdened by child bearing we didn't have many chances to stand in the wild and survive. We had to stay in the caves. And that somehow must have given us the time to think and therefore develop our intelligence. Above all, I think we developed a very fine, cunning intelligence. Men have always ruled the world (there are extraordinarily few matriarchal societies) but we have managed to influence it all, to play backstage and command. To lead in a way that our imposition was not well perceived and never very direct and open.

It's fascinating the way women think. Just remember the women that have gone down forgotten in History and how they shaped everything. For all great deeds there was always a female figure lurking in the shades. It's not just thinking that Helen triggered a war or Boudica stood against the Romans, it's the others that no one talks about, that no one knows about that made us come to the present.

Yes, those books actually made a semi-anti-feminist think about women's power. Fascinating!

25 de fevereiro de 2008

A Igreja Cinzenta


Não falo de Religião desde que a Mãe morreu.
Quer dizer, falo com o Padre, falo na Catequese, mas não é a mesma coisa. Só a Mãe sabia falar de Religião no seu sentido transcendente, histórico, ortodoxo e crítico. Era um prazer falar destes assuntos com ela. Sem ela eu teria hoje uma compreensão muito incipiente da Religião e, não fora a sua orientação pelos meandros da consubstanciação, transubstanciação, pelas vielas do catolicismo e das formas multivariadas do protestantismo, e eu seria uma pobre de espírito mais pobre do que o que sou e não teria tido a oportunidade de escolher qual a religião (letra minúscula) com que a minha espiritualidade mais se identifica. Assim, criada num ethos nórdico luterano-evangélico, tornei-me católica romana, praticante, mas pensante. Sem a Mãe não discuto Religião, com o Padre falo quase sempre em confrontação (embora eu saiba que ele, mais do que a qualquer pessoa, respeita as minhas opiniões) e na Catequese falo a meninos e meninas que precisam de um primeiro Kerigma porque vêm de lares totalmente laicos e, desconfio, no mínimo agnósticos (não digo ateus porque isso é ir longe demais num país de orientação católica).
Este Sábado dei comigo a divagar durante a Homília. (Confesso que divago muitas vezes porque as homílias do meu pároco são renomadas pela sua longa duração). Olhando à minha volta só vi gente vestida de escuro: preto, cinzento, castanho, cores mortas e sem fé. Raras eram as pessoas da minha idade (acho que só os pobres dos acólitos que ali estavam visivelmente contrariados e mais uma ou outra pessoa eram mais novos do que eu). Era um cenário deprimente. O rito oco. As pessoas estavam ali em cumprimento de uma obrigação. Não houve cânticos. A Missa foi uma coisa vazia. Senta, levanta, diz "Ámen", recita as orações de cor, senta outra vez, levanta depois.
No meio daquele vazio todo senti-me vazia. Lembrei-me da Madre Teresa de Calcutá e do vazio em que ela viveu durante 50 anos. E pior do que isto, no meio da minha divagação, pensei que a Santa Madre Igreja afugenta os crentes. Pensei neste Papa e tive pena dele, como tenho sempre que penso nele. É difícil suceder a alguém excepcional (seja um Papa, um político, um rei, um progenitor). Mas não o sinto vir a nós rebanho. Este Papa ainda não me tocou. Meu Deus, as maluqueiras que eu fiz para ir ao encontro do João Paulo II, de cada vez, de todas as vezes, "mein Papst"!
Não pensei em Deus nem em Jesus na minha divagação. Centrei-me na Humanidade. Perdi-me nos meus pensamentos e segui no vazio à minha volta. Tudo tão escuro. Até a humidade da igreja me incomodou. Afinal, prestamos culto em sítios frios e desagradáveis. Até isso me constrangiu e me levou na divagação. Saí da Missa esquisita. Quase me perguntei (acho que subconscientemente me perguntei) o que é que eu ali tinha ido fazer. Não senti que ali estivéssemos em comunidade. Presumo que ali estávamos todos em individualidade.
Como sempre, lembrei-me que o meu problema é com a igreja dos Homens e não com a Igreja de Deus. Andamos desfazados de Deus. "Venha a nós o Vosso Reino"...

19 de fevereiro de 2008

History on the making




I am overwhelmed!
It's only Tuesday and we have already witnessed so much! A new country is emerging, a murdered leader changed a regime, an old leader resigned from power.
In all three cases we can't say that there's a bright future ahead. Quite on the contrary. Problems are looming on the horizon. But... all three events hold the hope of the better days to come. If men are wise, if there's good will to aknowledge that change is coming.
I am overwhelmed!


18 de fevereiro de 2008

Raio de tempo, Raio de país!


Bonito serviço! Choveu mais um bocadinho a mais da conta e a capital de um país civilizado colapsou!
Eu bem que tentei chegar à dita capital de um país civilizado mas não deu. E aqui estou feita bicho enjaulado com as coisas todas que tinha para fazer e a reunião a que não pude ir. E isto porquê?
Porque temos um país muito mal servido de infraestruras, um país de vistas curtas, um país em que prevenção é como o prognóstico: só depois do acontecimento. Um país em que o cidadão, que paga índices de impostos exorbitantes, compra dos carros mais caros do mundo civilizado, tem uma (in)justiça lenta, porque da saúde tratam-lhe bem, é constantemente exposto à provação impiedosa do dia-a-dia. E se o dia-a-dia for daqueles de muita chuva, coitado, está desgraçado com f.
Agora se, entrementes, faltar a electricidade então sim, aí teremos uma deliciosa cereja em cima do bolo! E aqui a boa da Blonde, nem mails, nem post no blogue, nem a carrada de trabalhinho para fazer, nem nada. Nada, não, não é bem assim. Porque a Blonde com tanta coisa gira a acontecer está transformada em super dona-de-casa desesperada que é o que de melhor na vida lhe pode acontecer! Yupiii!
E como ser dona-de-casa desesperada é muito estimulante intelectualmente e envolve muitas sinapses nervosas, a boa da Blonde fica aqui a pensar quantos milhões de euros um dia destes deve custar ao país. Vejamos, assim por alto:
. Prejuízos em atrasos para o trabalho;
. Prejuízos em faltas ao trabalho;
. Prejuízos materiais em edifícios particulares;
. Prejuízos materiais em estruturas públicas;
. Custos acrescidos em forças de segurança e protecção civil;
. Custos de intervenção das ditas entidades;
. Custos em combustíveis dos milhares de carros parados;
. Custos para as seguradoras por danos e prejuízos cobertos;
. Custos de limpeza e remoção de entulho das vias públicas;
. Outros (ex: migraspirina para as enxaquecas, xanax para acalmar o pessoal, impressos para justificação de faltas).
Total: ? (mas muitos, muitos euritos).
Está um dia tão bonito...

15 de fevereiro de 2008

World Cup 2018?

I'm probably not the best person to comment football issues. But I'm sure I can comment the organization of a World Cup.

I admit I like events such as Euro and World Cups and I actually enjoy those great games full of adrenaline and anxiety. They are also major social events when peoples come together, when crowds gather under the same pretext, when we are aware we belong to a place and act in unisson with our fellow citizens. Besides, we are talking about hugely profitable events that generate revenue for the countries hosting them.

We were thrilled when we organized Expo '98. We were one of the happiest nations on Earth when we hosted the Euro 2004. We were proud that we had the Paris-Dakar starting in our capital. Why can't we host the 2018 World Cup on our own?

I know we went to pharaonic spending to build those ten stadiums, most of which are now virtually abandoned. I know we are a country a bit short of ten million inhabitants. I know it is highly arguable that, with so much we need to invest in health and education, we should be spending zillions to organize a mere football championship.

But if we do want to step forward and bring the organization of the 2018 World Cup to Portugal, why on Earth do we need Spain for? We're absolutely capable of doing great things on our own, are we not? If it's a question of financing the event let's forget the issue altogether. But if it really is to spend money anyway, hell let's spend it without a Spanish invasion.

If there's a Portuguese/Spanish World Cup, guess who's going to host the final game? Claro, nuestros hermanos! Guess where most games will be played? In Spain, naturally! That is, we spend the money, we go through all of the ordeals of organizing something like this, we go through all the crises and antagonism of the press, the public and the government being at each others' throats and then what? The Spaniards have all the glory!

No, I don't think there should be a Portuguese/Spanish World Cup. Either a Portuguese World Cup or no Cup at all. It's a question of: it's either our way, or no way. Sorry but I'm adamant on this one!

13 de fevereiro de 2008

Amar Apesar...




The Kiss, Gustav Klimt, 1908.

É muito fácil amar porque...

Porque há alguém que nos completa, porque alguém nos faz sorrir, porque há lembranças boas, porque há momentos de intimidade, porque há calor humano, porque não há solidão. E, como canta a Céline Dion naquelas lamechices popularuchas e patetas, é muito fácil amar " À cause de l'ambiance, Du lieu et du moment, Et des lambeaux d'enfance, Collés à nos vingt ans". É fácil amar quando tudo corre bem, quando os nossos egoísmos são preenchidos e afagados. E quando nós somos o centro de um duo. É muito fácil...

Todavia, amar realmente é outra coisa. É amar apesar...

Apesar dos erros que cometemos, apesar das imperfeições (as nossas e as do outro), apesar dos desencontros, dos maus momentos, das angústias, das contrariedades, do não sermos sempre o centro, apesar das lágrimas e dos sofrimentos, apesar dos silêncios e das rotinas que se instalam, dos quotidianos inclementes, dos olhares vagos, distantes e perdidos e aí, como também canta a Céline:

On ne peut ignorer
Que l'amour se transforme et son apothéose...
C'est quand on aime à cause...
À cause des "malgré".

Amamos realmente apesar de tudo e quando o apesar de tudo não vale nada.


P.S. - É a fuga aos coraçõezinhos e ursinhos que "apimbalham" um dia anglo-saxónico tornado pretexto consumista. Porque celebrar o sentimento humano mais forte não tem de ter um dia, nem um merchandising, nem só coisas fáceis que duram uns meros instantes. E porque a lamechice é oca, repetitiva e cansativa. Não celebro o S. Valentim. Celebro o dia-a-dia e o apesar de...

8 de fevereiro de 2008

Entre Eles e Nós


Quando comecei a desenvolver os meus estudos académicos sobre alteridade (as questões do Outro) não o fiz ciente de que eu também incarno a personagem do Outro. Contudo, a verdade é que, de modo mais ou menos consciente, tenho vivido sempre num limbo entre o pertencer ao mundo do Nós e do Eles sem saber exactamente onde me enquadro. Já ouvi frases do estilo: "Volta para a tua terra!" que, curiosamente, foram proferidas neste país de brandíssimos costumes e não no país do Norte onde nasci e que vive com o estigma histórico da Ausländerfeindigkeit, da qual, juro, nunca me apercebi e nunca entendi.
Gosto de Portugal, escolhi a portugalidade quando tive de declinar uma nacionalidade, apesar do estranho que foi ter voltado, dois anos depois, como estrangeira para a outra pátria. Lá está: a Outra, sempre a personagem que não é de um sítio nem de outro. Como não sou Eu nem Ela, costumo dar-me à distanciação do observador, uma maneira de apreender a realidade que, tantas vezes me confunde e surpreende. Os portugueses, entre os quais eu me incluo de modo sui generis, constituem, para mim, um manancial infindo da perplexidade da descoberta permanente. Amo-os por isso. E quando sou Ela aprecio vê-los na sua originalidade inequívoca de povo pendente entre uma identidade mediterrânica e outra atlântica, ou seja, um povo, tal como eu, preso na indefinição entre dois pólos irresistíveis, sem que um ganhe jamais primazia sobre o outro.
Nas poucas vezes que viajo com ou entre portugueses sinto-me a pessoa mais deslocada do mundo. Constranjo-me umas vezes, rio com vontade outras tantas e maravilho-me no resto. Viajar é, para os portugueses, um hábito recente advindo do fim de um sistema político opressivo, da melhoria das condições de vida e da massificação do turismo. Por conseguinte, viajar é, ainda, uma novidade. Uns viajam de modo empertigado, outros em completa basbaquice e acarneiramento, batem as palmas quando os aviões aterram, levam quinhentas tralhas atrás, não seguem instruções e têm sempre receio de não serem os primeiros em qualquer fila que se lhes atravesse no percurso.
Desta última viagem guardo dois episódios fantásticos. O primeiro ocorreu no controlo de passaportes à chegada ao país de destino. Duas super-tias com madeixas loiras, muito anel nos dedos e calças de ganga dentro das botas, estavam muito enfastiadas com "estas classes médias-baixas...". Fiquei parva! Foi assim mesmo com estas palavras infelizes que as duas se referiam aos compatriotas que com elas tinham tido a desdita de viajar (eu incluída, naturalmente). Pensei logo: "Ora aqui estão os portugueses no seu melhor", na sua mesquinhez que tanto me irrita. É que um português deste tipo não gosta que os outros usufruam de privilégios que ele acha sacrossantos apenas para a sua pessoa. Portanto, as boas das tias quarentonas estavam entre a plebe e, qu'horror!, que coisa tão vexatória.
O segundo episódio fez-me lembrar como gosto dos portugueses. Embarque de regresso. Através de um altifalante uma hospedeira de terra indica pausadamente: "Please remain seated, boarding will be done sequentially". Logo as hordas se levantaram e congestionaram a entrada da manga, afogaram a criatura de altifalante na mão e o embarque fez-se à portuguesa por entre "com licenças" e abram alas. Confesso que me detive na apreensão da cena. Sim, estava de regresso a casa, à minha casa, pátria da minha duplicidade, mas minha.

6 de fevereiro de 2008

Go and multiply...


This is one of those things that you only learn from very light reading in airplanes, live your whole life without knowing and still be happy.

Apparently the Russians are so worried about their low birth rates that they now have a National Conception Day on the 12th September. So, if you're in Russia you can skip work and do your share in contributing for the national population increase.

At least the Russians are taking (desperate) measures. And us?

1 de fevereiro de 2008

To the Moon and Back


Dear all,

I'll be out of the loop for the next few days. And the picture indicates the route I'm taking. Any guesses?

As always, be bold, be brave and, above all, be the free-thinking bloggers that, in this day and age, have the power to change mentalities, expose social wrongs, not condescend with injustice. Blogworld is the emerging opinion journalism of the new millenium. Let's not forget about that!